quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Ministra Izabella Teixeira explica vetos ao Código Florestal




Segue vídeo de entrevista concedida pela Ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, hoje, 17/10/2012, quarta-feira, no Palácio do Planalto, onde confirma o veto de nove artigos do Código Florestal pela Presidenta Dilma.
”São nove vetos. Aquilo que nós entendemos que o Congresso fez que na realidade contribui para o aperfeiçoamento da medida provisória e que não fere os princípios de levar ao desmatamento, à anistia; e a questão da inclusão social e da permanência do pequeno agricultor, isso foi mantido”, disse a ministra.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Cidade Constitucional 2012


    Menos do que obter a aprovação na disciplina, o objetivo desse relatório é registrar a experiência imersiva na qual estive envolvido, ao longo da primeira semana de Setembro de 2012, na Capital da República Federativa do Brasil. Todo novo lugar que se conhece ganha um espaço em nossas memórias e ainda que nele voltemos outras tantas vezes, nenhuma delas terá aquele impacto do desconhecido, do novo, do como será que é, e os acontecimentos e lembranças da primeira visita sempre se fazem presente. Geralmente é isso o que acontece com as pessoas. Essa eternização dos lugares em nossas memórias e dos lugares no mundo, se dá pela importância ou valor que damos aos seus atributos e as experiências que nos transportam para aquela localidade mesmo quando se está à milhas e milhas distante. Brasília é um desses lugares.
     Justamente pelo fato do Distrito Federal representar muito para o País, descrever um relatório de atividades realizadas, ainda que se tenha dado liberdade criativa e poética para que os alunos dela utilizem na elaboração de seus trabalhos, não é uma empresa de todo fácil. Ademais, se se tomarmos em conta a importância que o projeto “a cidade constitucional e capital da república” ganhou na Escola de Artes, Ciências e Humanidades - EACH a partir desse ano de 2012, particularmente no curso de Gestão de Políticas Públicas, quando ascende a um status de disciplina e passando a contar com recursos próprios para sua realização. Por tudo isso já teríamos um relato bastante significativo e especial. Contudo, seu acontecimento nessa edição difere das demais por contar com um ator estratégico no seu desenvolvimento. Desta feita o projeto se deu em parceria com a Escola Superior de Administração Fazendária – ESAF, órgão integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, onde nos hospedamos e participamos de seminários e exposições. Parceria importantíssima com essa escola de governo que pode contribuir ainda mais com o processo de reconhecimento e afirmação do Bacharelado em Gestão de Políticas Públicas.      
     Foi uma semana muito intensa, cheia de atividades, começando sempre cedo, como a visita ao Palácio do Alvorada que tirou à todos da cama antes do alvorecer e bem antes do orvalho se dissipar. Outras atividades matutinas de tão aguardas que eram, tiravam o sono não sendo necessário nem despertar. Talvez o sono fosse perdido menos pelas atividades vindouras do que pela que se realizavam. De modo que se torna imperioso o registro nossa passagem por Brasília.
     A delegação da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo – EACHUSP contava com 80 alunos, dos quais 60 eram de Gestão de Políticas Públicas, 10 de Gestão Ambiental e 10 do curso de Ciências da Atividade Física. Somavam-se aos alunos dois professores que monitoravam as atividades, o Professor Marcelo Arno Nerling, idealizador e coordenador do projeto, e o Professor Douglas Andrade de Ciências da Atividade Física. Completavam ainda a delegação eachiana os quatro motoristas dos ônibus.
     Como supracitado, participamos de seminários na Escola Superior de Administração Fazendária – ESAF e, ainda, na Escola Nacional de Administração Pública – ENAP. Visitamos o Palácio do Planalto, sede do Executivo Federal onde está localizado o gabinete da Presidência, a sede da Caixa Econômica Federal e do Banco Central. Fomos apresentados aos principais programas dos Ministério do Esporte, ficamos sabendo em primeira mão, na Sede da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR, do Plano Juventude Viva que objetiva enfrentar a violência contra jovens negros. Conhecemos ainda um pouco das ações capitaneadas pela Secretaria Nacional de Articulação Social vinculada a Secretaria-Geral da Presidência da República. Acompanhamos, das galerias dos plenários do Congresso Nacional, parte das sessões plenárias das duas Casas. No Centro de Formação da Câmara dos Deputados – CEFOR soubemos um pouco mais acerca do processo legislativo, para em seguida, participar de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal, ilustremente presidida pelo Senador da República Paulo Paim, do Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul.    
     Houve ainda, claro, como não poderia deixar de existir, momentos para conhecer alguns pontos turísticos da cidade como a Catedral Metropolitana e a Torre de TV com sua feirinha de artesanato. Tampouco faltaram momentos para descontração e um maior aprofundamento dos vínculos relacionais entre os alunos, com a realização do churrasco e do passeio de barco pelo lago Paranoá. Na semana da pátria em que comemoramos os 190 anos da Independência do Brasil, tivemos ainda a oportunidade de participar no dia 07 de setembro do desfile cívico-militar na esplanada dos Ministérios.
     Tentar-se-à aqui apresentar um olhar daquilo que fora possível captar do turbilhão de informações que tivemos contanto em Brasília. Certamente por mais que se tente relatar com a maior precisão permitida pela condição e pelos instrumentos ofertados pela observação participante, muitos elementos ficarão de fora desse trabalho, contudo, sua realização permitirá acrescentar uma gota no oceano de experimentações do projeto Cidade Constitucional e a Capital da República.
     Forasteiro da capital paulista no Planalto Central

     Nosso desembarque na Capital Federal, no centro do país, não poderia se dar em outro lugar. Por volta das 13 horas do segundo dia de setembro deste ano, pisamos em solo brasiliense em plena Praça dos Três Poderes, onde se clarifica a existência dos institutos do Executivo, Legislativo e Judiciário, separadas, que equilibram o poder político frenado os ímpetos usurpadores do governante.
     Da Praça dos Três Poderes seguimos para uma visita monitorada ao Palácio do Planalto, que é aberto à visitação pública aos domingos, onde as pessoas em grupo podem conhecer um pouco da estrutura do Palácio, sua história, suas obras e arte, as salas de reuniões, ver o termo de posse assinado pela presidenta Dilma, a galeria dos ex-presidentes eleitos e não eleitos.



                  
Do pouco tempo que estávamos em Brasília já éramos castigados pelo calor escaldante e pela secura. As longas horas de viagem emendadas com a visita ao Palácio do Planalto esgotaram todos. Precisávamos descansar. Rumamos então para a Escola Superior de Administração Fazendária – ESAF onde nos alojaríamos. A ESAF é uma escola de governo que surge em 1973, sendo sua atual sede inaugurada em 28/07/1975 pelo então presidente Ernesto Gaisel, e se insere dentro da lógica da profissionalização e aperfeiçoamento da administração pública brasileira. Possui uma enorme estrutura, em uma área de aproximadamente 420.000 m2, alojamentos para 290 pessoas, auditórios, salas de aula, biblioteca, praça de lazer. No dia seguinte cedo já teríamos atividades.
     Acordar de manhãzinha nem sempre é algo agradável e fácil para todos, mas acordamos onde devíamos estar. E valeu a pena esta ali.
     Inicialmente tivemos uma breve orientação da Valéria, que é formada em música e trabalha na comunicação da Escola, acerca de sua localização, pontos de referência como hospitais, pontos de táxi, mercados, bancos e, claro, as normas de convivência dentro da instituição.
     Uma das linhas de atuação na ESAF é a educação fiscal para a promoção da cidadania. Fabiana, que trabalha no Programa Nacional de Educação Fiscal desenvolvido pela Escola, que junto com Zé Humberto coordena sua realização em conjunto com aproximadamente 12 instituições, como o Fórum Nacional de Combate à Corrupção, por exemplo, apresentaram um projeto realizado em parceria com a Secretaria da Fazenda de Goiás e a Secretaria de Educação de Goiás, para fornecer elementos de trabalho pedagógicos em educação fiscal aos professores da rede. Esse é um tema que sempre é caro e denso. Por isso lançou-se mão da arte, da criação, da imagem, do som e, com isso, o Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte, que é vinculado a Secretaria de Educação entrou em cena. Seu grupo de teatro montou uma peça que aborda a questão fiscal e da tributação deixando o assunto mais leve, mais tranquilo de ser disseminado e absorvido. O objetivo fundamental é que os cidadão pensem acerca dos benefícios gerados pelos tributos.
     Após termos assistido a apresentação do grupo ciranda da arte, fomos abrilhantados com a exposição do Diretor-Geral Alexandre Motta. Ele falou sobre muita, sobre a ESAF, a importância daquele espaço para qualificação do servidor público, de como chegou até a direção da Escola, tivemos uma aula magna empolgante e entusiasmada que tenho certeza mexeu com todos.
Paulo Mauger, da Diretoria de Cooperação e Pesquisa,  apresentou a estrutura e o trabalho da ESAF, suas parcerias estratégicas com organizações nacionais e internacionais, as formas pelas quais estão disseminando informações.
     No período da tarde estivemos na Escola Nacional de Administração Pública – ENAP, que se trata de um escola de governo do Executivo Federal, criada em 1986, e é vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,  destina à capacitação e ao aperfeiçoamento dos servidores públicos federais. Marcelo nos apresentou a implementação do Serviço de Informação ao Cidadão – SIC na ENAP e o impacto da Lei de Acesso à Informação na organização do trabalho interno.
     Pela noite trabalhamos junto a Fabiana, desta feita em maior profundidade, as possibilidades da Educação Fiscal para a promoção da cidadania. Nos dividimos em grupos onde refletimos a utilização dos recursos pelos municípios.
     O início de nossas atividades na terça-feira se deu no Ministério do Esporte. Joel, que representava a Secretaria do Futebol, discorreu acerca dos impactos econômicos e dos legados da Copa do Mundo de Futebol em 2014. Apontou a geração de empregos, o montante de investimentos da ordem de 1 bilhão de reais apenas em portos, os projetos desenvolvidos pelo Programa de Aceleração do Crescimento 2 – PAC2,  bem como a articulação de 8 Ministérios por meio de um Comitê Gestor. Ressaltou ainda a existência de um sistema de governança para monitorar os investimentos para a Copa.
     O representante da Secretaria Nacional do Esporte de Alto Rendimento, Victor, apresentou os principais programas e ações para o esporte de alto rendimento. Destacou a importância do bolsa atleta sua incorporação do PPA 2012-2015. Por sua vez, Ana Elenara, que na oportunidade representava a Secretaria Nacional de Esporte, Educação, e Inclusão Social, apresentou o Programa Esporte e Lazer da Cidade – PELC e o Programa Vida Saudável, implementado com hercúlea participação dos municípios.
     Endilamar apresentou o Programa Segundo Tempo, existente desde 2003, para fomentar o desporto nacional. Tratou de uma estratégia para se ampliar as modalidades esportivas apoiadas por meio de parcerias com instituições de Ensino Superior. Destacou ainda o Programa Segundo Tempo na Escola, surgido em 2009, com uma parceria junto ao Ministério da Educação.
     A manhã se encerra e partimos em direção ao nosso almoço no Edifício Darcy Ribeiro, sede da Controladoria Geral da União – CGU, onde participaríamos de um seminário sobre transparência, controle social e combate à corrupção.
    Fomos ciceroneados pelo Secretário de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas, Mário Vinicius Spinelli. Apresentou a estrutura organizacional, disse que a secretaria conta com 100 funcionário e dispõe de cerca de 20% do orçamento da CGU. Lembrou que cerca de 4000 servidores federais foram expulsos do serviço público, sendo que destes, 70% por corrupção. Deixa claro que a atuação da CGU no enfrentamento da corrupção se da a partir de sua compreensão como a relação de três dimensões. Uma dimensão ética, outra cultura e, outra institucional.
     Em seguida, Renata, analista de fiscalização e controle, tratou da Lei de Acesso à Informação. Destacou o empenho da Presidente na aprovação da lei. Lembrou que em 2004 fora criado o portal da transparência, contudo continha apenas informações orçamentárias. Disse do quão controverso tem sido o artigo 2° da LAI que trata do sigilo de algumas das informações e da privacidade do servidor.
     Álvaro tratou da importância do controle social para uma utilização eficiente dos recursos públicos. Associa bons serviços a participação popular no monitoramento das políticas públicas. Assim encerramos nossa passagem pela CGU. Vale mencionar que sob o título de “Alunos da Universidade de São Paulo visitam CGU para conhecer melhor Administração Pública”, o sítio eletrônico da Controladoria dava destaque à nossa visita, que pode ser conferida no endereço: http://www.cgu.gov.br/Imprensa/Noticias/2012/noticia12712.asp .
     No período da noite tivemos apresentação de Antônio Henrique, no auditório da ESAF, sobre educação fiscal. Fez uma digressão do Programa de Educação Fiscal e como se construiu a visão de que a tributação é o mecanismo mais democrático de financiamento das atividades do Estado. Isto é, apresentou uma teoria dos custos do direito, partindo da ideia de que eles não nascem em árvores. Reforçou a importância da destinação tributária, e não sua carga se é baixa ou alta. Defende o tributo como o valor a ser pago para se viver em sociedade.
O dia de quarta-feira era bastante por muitos de nós aguardado, íamos visitar o Congresso Nacional. A atividade do período da manhã aconteceu no Centro de Formação da Câmara dos Deputados – CEFOR. Tivemos uma sequência de apresentações sobre o processo legislativo. Inicialmente nos falou Titan de Lima, da assessoria técnica do Partido dos Trabalhadores. Têm a Incumbência de orientar tecnicamente os Deputados do partido. Dirnamara Guimarães integra a equipe de redação final das leis. Responsável pela incorporação das emendas, dos destaques, adequar tecnicamente e a uma linguagem jurídica o projeto de lei.
      Depois fomos presenteados com a presença do Deputado Francisco Praciano, do PT do Amazonas. Economista, integra a frente parlamentar contra à corrupção, buscando leva sua experiência na iniciativa privada para a Câmara.
     Sônia Hipólito nos falou representando a Comissão de Legislação Participativa, ressaltando a busca por desenvolver trabalhos com a sociedade civil organizada. Disse das dificuldades que a Comissão enfrenta para exercer seu trabalho, variando sempre sua produção pelo emprenho tomado pelo seu Presidente. Destacou que até 2011, 862 sugestões de projeto de lei haviam sido apresentados, sendo que destes, apenas 2 viraram projetos de lei.
     Ao final das apresentações houve um sorteio de livros, da constituição Federal. Eu que não ganho nem em bingo fui agraciado com um linda e importante publicação “Audiências Públicas na Assembleia Nacional Constituinte: A Sociedade na Tribuna”, coleções especiais da Câmara dos Deputados.
     De tarde, após visitarmos os dois plenários, participamos de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação participativa do Senado Federal, presidida pelo Senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul.  Falou de como tem sido sua atuação no Senado, seja na luta por cotas raciais nas universidades ou relatando o Estatuto da Igualdade Racial. O Senador também deu destaque em sua página eletrônica a nossa visita à Comissão, http://www.senadorpaim.com.br/verImprensa.php?id=3192-paim-recebe-alunos-da-usp .
     O dia de quinta foi bem mais tranquilo, visitamos duas exposições em dois bancos. Primeiro passamos pela sede da Caixa Econômica Federal, onde conhecemos o “Átrio dos Vitrais”, um conjunto composto por 24 vitrais criado pelo artista alemão Lorenz Heilmar. Atravessamos a ruma é já estávamos na sede do Banco Central do Brasil. O professor Márcio Antônio Estrela fez uma apresentação das principais funções do Banco Central, como garantir a estabilidade dos preços mantendo o poder de compra dos trabalhadores, cuidar para que tenhamos um sistema financeiro sólido, além de supervisionar as instituições financeiras.
     Ainda na sede do BC visitamos o museu de valores, onde fizemos uma verdadeira viagem pela história do dinheiro no Brasil.
    Diferentemente do período da manhã que fora um pouco mais tranquilo, à tarde foi bem movimentada. Em seu início, no Palácio do Planalto, reunimo-nos com Paulo Roberto Martins, Secretário Nacional de Articulação Social, que apresentou as principais ações da Secretaria no sentido de mobilizar e articular a sociedade. Ao final da tarde estávamos na Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR onde a Gerente de Projetos Silvana Rezende e o Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, João Basso, expuseram as ações e os programas prioritários, como o Brasil Quilombola, o Programa Brasil Afirmativo, o Programa de Enfrentamento contra à Violência contra a Juventude Negra ou ainda o Sistema de Monitoramento e Avaliação das Políticas de Promoção da Igualdade Racial. A SEPPIR igualmente dera destaque a nossa visita em sua página na rede mundial de computadores, onde se poderá ler a notícia do dia 06/09/2012 intitulada “ SEPPIR apresenta painéis da desigualdade racial para alunos da USP”, bastando para isso acessar :
     A semana da pátria, intensa em atividades, se encerrou na sexta-feira quando participamos do desfile civico-militar na esplanada dos Ministérios. Depois de encerrado, uma manifestação contra à corrupção tomou a esplanada, foram até a Praça dos Três Poderes onde de frente para o Supremo Tribunal Federal exigiam punição pelos Ministros aos envolvidos na Ação Penal 470.
     

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O dia da árvore e a ofensiva contra as florestas







  Hoje, 21 de Setembro, se comemora o dia da árvore. É uma data que não deve ser passada despercebida, mesmo muitas pessoas a considerando piegas, deve ser compreendida como um simbolismo que tende a provocar nos indivíduos reflexão e quem sabe até mesmo ações para a manutenção das árvores brasileiras. Trata-se de uma data importantíssima ainda mais se considerarmos ter sido nessa semana, na última quarta-feira, 19 de Setembro, a aprovação pela Câmara dos Deputados da Medida Provisória – 571/2012 que altera o texto do novo Código Florestal (Lei 12.651/2012), com isso, o texto seguiu para aprovação do Senado Federal e, por fim, seguirá à sanção pela Presidenta da República Dilma Rousseff. Uma legislação que institucionaliza de fato a ofensiva sobre as florestas do Brasil desde seu descobrimento.
     Em entrevista aos repórteres Murilo Souza e José Carlos Oliveira da Rádio Câmara, o Deputado Federal pelo Partido Verde do Maranhão, Sarney Filho, coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista destacou que "O que saiu daqui é muito ruim: diminui a área de 20 para 15 metros na faixa de compensação nas margens de rios, reduz de 30 para 20 metros as faixas de recomposição nos demais casos e joga para os estados o programa de recuperação. Tudo isso é muito ruim e nós não vamos aceitar".
     O texto que sai da Câmara dos Deputados acompanha recomendação do Presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), para que a Presidenta Dilma vete o mínimo possível. Portanto, é sim necessário lembrarmo-nos desse dia para atuarmos na erradicação do desmatamento, estando sempre alertas ao pouco que resta de nossas florestas.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Do controle social ao controle estatal: duas faces da mesma moeda


     O que aqui se buscará fazer é uma síntese das intensas discussões travadas durante as aulas de Direito Financeiro ministradas pelo Professor Marcelo Arno Nerling no curso de Gestão de Políticas Públicas na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Evidentemente que este é um espaço impossível de dar conta do que fora tratado durante esse semestre, por isso mesmo restringirá esse artigo a uma discussão acerca da ampliação das formas de participação popular no destino da coisa publica e dos limites impostos a esta participação pelos interditos gerados pelo Estado.
     Atualmente percebe-se grande euforia e um amplo debate em torno do salto democrático dado pela administração pública no Brasil nas suas diversas esferas e instâncias com a entrada em vigor no dia 16 de maio de 2012 da lei 12.527 que garante translúcido e irrestrito acesso às informações produzidas pelos órgãos públicos. Tal legislação sancionada pela Presidenta Dilma Rousseff busca regular a forma de acesso à informação prevista no inciso XXXIII do artigo 5° da Constituição Federal que trata dos direitos e garantias fundamentais, ou seja, trata-se de cláusula pétrea, portanto, irrevogável. Segundo a Lei, são de acesso restrito apenas as informações que venham a colocar em risco a integridade nacional ou à segurança da sociedade.
       Desde a redemocratização do País foram criados vários espaços que buscam atender os anseios da população por maior participação e controle da administração pública. O canal mais recentemente instituído de participação da sociedade civil é a Conferência Nacional sobre Transparência e Controle Social – CONSOCIAL, que assim como os outros processos de conferência passou por etapas municipais e regionais para se capilarizar ao máximo o envolvimento popular na condução da coisa pública.
     A esperança de todos é que não mais se precise de utilizar o instituto do habeas data para se conseguir a informação pública de que se deseja. O habeas data é também garantia fundamental definida nas alíneas a e b no inciso LXXII do 5° artigo da Constituição, que assegura o conhecimento de informações e registros, ou ainda a retificação de dados com a finalidade de se confrontar a veracidade documental das entidades governamentais ou de caráter público ao interessado que requer por meio do ajuizamento dessa ação constitucional cível.
     Contudo, quando nos aprofundamos na disponibilidade de informações por parte da administração pública que demonstrem como a gestão é conduzida ainda encontramos interditos que limitam o conhecimento da sociedade. Porém, segundo penso, dois são os mais significativos bloqueios restritivos de controle e acompanhamento da gestão pública, e que impedem a legitimação das políticas públicas implementadas pelo Estado.
     Uma das limitações existentes ao irrestrito acesso as informações públicas geradas pelos órgãos estatais é a forma como se disponibilizam os dados. Ou seja, apenar de encontrarmos muitas informações que se deseja sobre programas, orçamentos e planejamentos, elas ainda não são suficientemente claras, dificultando assim o real entendimento de quem as acessa.
     O outro impedimento, e esse de natureza mais grave, refere-se a requisição de informações pessoais para acessar os dados públicos, configurando ação inconstitucional na medida em que é garantido o sigilo, quando o solicitante assim desejar. A administração pública assim exerce controle sobre o controle social de suas atividades. É incompreensível que o Sistema de Administração Financeira do Governo Federal – SIAFI e o Sistema de Administração Financeira para Estados e Municípios exijam cadastro prévio de seus usuários para poderem ter amplo acesso as informações geradas pelos órgãos da administração pública.

Carlos Eduardo Alcino